sábado, 14 de agosto de 2010

Agradecimento

Obrigado pelos julgamentos. Só assim eu pude ver o quanto é estúpido se cobrar demais. Obrigado pela frieza. Me fortaleci e descobri que consigo suportar frias noites de solidão sem implorar pelo calor alheio. Obrigado pelos empurrões. Eles me fizeram acordar e ver o quanto eu estava sendo babaca por acreditar em tudo o que me prometem. Promessas são inúteis quando se mente, quando não há comprometimento. Obrigado pelos tapas na cara. Descobri que posso reagir a eles. Descobri que sussurros não bastam quando se quer gritar. E eu gritei, enfim. Obrigado pelas desculpas, pelas mentiras mal-contadas. Só assim pra saber até onde vão as pessoas quando querem o domínio da situação. Eu, sinceramente, não entendo porque você precisou mentir tanto. Mas, como já dei a entender, tudo foi válido. Tudo é aprendizado. "Dar a entender". Taí um artifício que eu devia ter explorado mais. Eu podia ter mentido mais. Dissimulado mais. Mas eu preferi encarar. Encarar a verdade. Encarar meu rosto no espelho sem remorso. Como sempre, entrei de cabeça nessa história e, por mais que eu possa ter sido burro, ingênuo, cego até, eu tenho a consciência limpa. Consciência de quem amou, perdoou, odiou, defendeu, atacou, tudo de verdade. Eu fui eu de verdade, enfim. Ah, e antes que eu me esqueça, obrigado pela consciência limpa. Obrigado por me deixar dormir à noite sem que nenhum fantasma do passado me persiga por eu ter sido falso. Eu não fui falso, fui quem sou. Obrigado por ter me aberto os olhos, por ter me feito ver que não se deve confiar em todo mundo. Obrigado por ter me feito queimar nossas fotos e jogar nossas lembranças numa caixa qualquer, num canto qualquer da minha mente, pra que eu não queira mais mexer nelas. Obrigado por ter me dado vontade de mudar de perfume, de corte de cabelo, de roupas. Obrigado por ter me feito mudar. Eu realmente precisava disso. Não vou mentir, dizer que vou esquecer você completamente. Mas estou tranquilo. Sei que você será apenas um nome daqui há algum tempo. Ah, o tempo! Obrigado pelo tempo que você deixou vago e que agora foi reservado a mim. Só a mim. Obrigado pelo sofrimento. Obrigado pelo silêncio. Obrigado pela consciência limpa. Obrigado pelo fim. Obrigado por tudo e, principalmente, obrigado por nada.

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