sábado, 29 de janeiro de 2011

Luzes acesas.
Janelas abertas.
Um copo vazio.
Fumaça de cigarro.
Cinzas pelo chão.
E uma dor que se espalha pelo ar.
Como ele consegue dormir tão docemente?
Os ruídos da vida noturna porta afora.
As rachaduras nas paredes.
O quadro fora do lugar.
Aquilo costumava ser bom.
Um dia, apenas um.
O desenho das estrelas, a dança das folhas.
A chuva fina que cai.
O tempo esfriou o tempo.
E ele dorme.
Os livros jogados.
Palavras espalhadas pela mente, pela casa, pelo ar.
Nada parece mais fazer sentido.
O mundo desabou sobre a cabeça dele.
E ninguém viu.
Ao lado da cama, qualquer coisa escrita num papel.
Ao lado das estrelas, a lua.
Ao lado da vida, a morte.
Ao lado do homem que dorme, dor.
Escapa das veias.
Escorre pelo chão, no tapete, nele.
E ele dorme, para não mais despertar.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

A você, ao tempo e à solidão

Estou só, de mãos dadas com o tempo que reluta em andar. Ainda tem espaço na cama, na estante, no sofá, em mim. Vem. Se quiseres, vem. Que eu te espero desde o nosso adeus. Vem, que o teu cheiro ainda manda na casa. Teus passos ainda guiam os meus. E hoje estou sem direção. Eu me encontro hoje onde encontro a solidão. Vem. De onde estiveres, vem.