sábado, 9 de abril de 2011

Achados e perdidos

Cheiro de fumaça. Cheiro de chuva, de insetos. O tempo em que tudo era eterno está de volta, se espalhando pela casa. Rostos fora de foco, objetos coloridos espalhados pelo chão. Era bom. Os dias costumavam vir repletos de alegria. Em que parte do caminho eu a deixei cair? Será que ainda está guardada em algum bolso que não uso mais? O frio é o mesmo. O rosto no espelho, não. Eu ainda reconheço alguns traços e cicatrizes. Mas, definitivamente, o amargo desse olhar não existia no outro rosto. É o mesmo espelho, com outro olhar. Quem achou aquilo que eu tinha e perdi? Aquilo que eu não sei descrever. Aquilo que nunca vi, mas sei que já tive. Em que "Achados e perdidos" eu posso me encontrar?
Um homem precisa de inocência para viver.
A minha está sendo roubada, pouco a pouco.