quarta-feira, 16 de março de 2011

Doente

Certa vez houve um homem. Não me lembro de seu rosto, nem de seu nome. Não sei onde viveu, mas viveu. Um dia, este homem sentiu-se diferente. Nunca experimentara aquela sensação. Suas mãos estavam frias, suadas. Sentia-se triste e feliz, bonito e feio, tudo ao mesmo tempo. Dentro de seu peito, um misto de angústia, dor, saudade, alegria e medo. Sofria ele de algum mal? Decidiu procurar um médico. O homem de roupa branca e testa enrugada o examinou por completo. Não encontrou nada. O homem decidiu, então, ir a um psiquiatra. Se não era mal físico, na certa era psicológico. O homem de terno preto e bloco de anotações ouviu, observou, ponderou e anotou. Mas a nenhuma conclusão chegou. Ainda mais angustiado, o homem se viu sem saída. Sofria de algum mal, mas não sabia qual. Pensou em se matar, em surtar, em cozinhar, em cantar, em se render, roubar, matar. Mas nada ia adiantar. Aquelas sensações todas ainda enchiam o seu peito. Decidiu, então, contar a verdade a ela. A bela jovem que com ele brincara, estudara, crescera. E ao vê-la, o homem descobriu: era ela a causa daquilo tudo. E ele se examinou. Diagnóstico: paixão.

quinta-feira, 10 de março de 2011

Desarmado

Desarmado, desalmado e desamado. Esse sou eu, aquele que você soltou no ar, ensinou a voar e deixou cair. Eu quebrei. Era fraco e nem sabia. Você sabia? Dei minha luz pra você. Fiquei sem nada, preso ao chão, no escuro. É frio onde você me deixou. Aqui falta você. É vazio o peito. O meu. Sou oco sem teu perfume. Meu coração só pulsa, não sente. Na casa, só paredes. E as lembranças são só lembranças. Desanimado e desabando. Ainda estou aqui, desarmado.