sábado, 25 de junho de 2011

O homem que tinha escritos na testa todos os seus sentimentos

Era uma vez um homem. Um homem que tinha escritos na testa todos os seus sentimentos. Devia ser difícl ser aquele homem, já que todos pensavam conhecê-lo. Mas quem o conhecia? Nem ele mesmo poderia responder. Nem ele mesmo. Um dia este homem se apaixonou. Mais uma vez estava lá, escrito em sua face, todos os seus verdadeiros sentimentos. Mas a muher não o amou, e ele demorou a perceber. Ao contrário dele, a mulher não demonstrava o que sentia. Ele não soube ler o que ela era. Ela o desprezou. Ele sofreu. Descobriu que algumas pessoas gostam de ser maltratadas. Gostam que as pisem, que as desprezem. A dor foi tanta que ele decidiu apagar tudo o que havia de estampado em sua testa. Se tornou um homem mais frio e misterioso. Hoje o homem não é mais o mesmo. Ninguém mais consegue ler os seus sentimentos. Ninguém mais o conhece.

Talvez, hoje, ele possa dizer que sabe quem é.

terça-feira, 14 de junho de 2011

Vírgulas

Cansei de vírgulas e reticências.
Quero um ponto final, derradeiro.
Quero saber onde terminamos.
Preciso descobrir se, ao menos, começamos.
Toda boa história tem seu fim.
As ruins, como a nossa, também.
Não quero mais suas vírgulas, seus parênteses,
ou seus desejos efêmeros de um amor ainda mais passageiro.
Quero esclarecer todas as minhas entrelinhas.
Quero mais mistérios nas palavras que virão.
Quero saber onde termina pra que eu possa começar outra história.
Cansei de vírgulas e reticências.

domingo, 5 de junho de 2011

Ritual.

Hoje eu senti um nojo imenso de mim. Por ter feito o que fiz, mais uma vez, mais de uma vez. Eu prometi… Porra! Eu prometi que não ia ceder aos teus encantos, aquele teu beijo maldito… Cedi. Abri mão de mim, de novo, por você. Eu queimei todas as minhas perspectivas. Tua boca queimou minha pele, e eu gostei da dor. Agora estou aqui, e este é o problema. Não sei onde é. Agora que sou livre não sei pra onde ir. Sou só, sou frio. Eu quis ser frio. Eu sou, eu sei. Tenho uma pedra de gelo no peito. Hoje eu praguejei contra nós. Gritei segredos e ofensas que nem eu mesmo esperava ouvir. Refiz promessas e rituais. Queimei teu retrato. Aquele que eu adorava. Você sorrindo, olhando fundo nos meus olhos. Teus olhos de serpente. Hoje eu te tranquei num quarto escuro, perto das tuas mentiras. Hoje eu te enterrei no quintal, te atirei ao mar. Hoje você é as palavras amargas e ressentidas que rabisquei neste pedaço de papel. Te sufoquei em mim. O ritual.